quinta-feira, 28 de março de 2013

Obama, O Bamba, Osama



Sei que o tempo em que ficamos sem escrever para o blog muitas coisas aconteceram no mundo e em Israel. Porém, A Ocupação, infelizmente, continua, não temos acordo de paz, enfim, muita coisa continua igual ou pior. Mas há algo novo. Tivemos eleições.

O bloco partidário do então primeiro ministro, Bibi Netanyahu, se manteve com a maioria das cadeiras, 31, 11 a mais que o segundo colocado, o partido debutante, Yesh Atid, do também debutante na política, o ex-apresentador  de TV e jornalista, Yair Lapid. O partido do Bibi, Likud, se uniu ao partido do então ministro das Relações Exteriores, Avigdor Liberman, que semanas antes das eleições se afastou do cenário político por ser acusado de corrupção e aguarda julgamento em silêncio.

Somente quase dois meses depois das eleições que Bibi conseguiu formar a coalizão para o seu novo governo. Tem como seus principais o Yesh Atid, de Yair Lapid, e outro partido de direita HaBait HaYehudi, partido religioso “light” que tem Bennet como liderança. Outro aliado é o partido HaTnuah, de Tzipi Livni, que no passado ocupou o cargo de primeira-ministra e tinha ambições de ficar com o cargo de ministra das Relações Exteriores para poder dar continuidade ao seu plano de paz com os Palestinos. O pouco número de cadeiras conseguido pelo seu partido não permitiu que ela ficasse com esse cargo, mas ficou com o de Ministra da Justiça, também de grande importância.

Dia 18 de março foi o dia em que o novo Parlamento tomou posse, dois dias antes de outro acontecimento importante para o país e para a região: a visita de três dias do presidente americano, Barack Obama.

Obama vem à Israel pela primeira vez desde que se tornou presidente. Parece que o Oriente Médio se mantém na agenda política do americano. O ganhador do Prêmio Nobel da Paz (mesmo antes de assumir o primeiro mandato como presidente) vem à Israel para falar de paz e.....guerra.

O país estava em euforia com a visita de Obama e tudo parou quando ele aterrissou. O “maior amigo de Israel” estava chegando. Logo no aeroporto foi recebido de braços abertos pelo presidente Shimon Peres e por Bibi. Em clima descontraído e se mostrando bem à vontade, Obama foi conduzido por Bibi até uma estação de controle do chamado “Domo de Ferro” equipamento militar de tecnologia israelense e financiamento americano que interceptou mais de 80% dos mísseis atirados pelo Hamas na guerra de novembro que se cairiam em cidades Israelenses, inclusive Tel Aviv.

Obama também foi aos Territórios Ocupados da Palestina e se encontrou com Abu Mazen (Mahmoud Abbas), presidente Palestino e Saeb Erekat, negociador Palestino. Mas o ponto mais interessante da visita de Obama foi o discurso proferido para centenas de estudantes no centro de convenções em Jerusalém. Obama falou o que todos queriam ouvir. Incendiou a plateia e deixou o país com o seu ar de herói e salvador mais fortalecido ainda.

Criticou a Ocupação, defendeu o direito do povo Palestino de viver livremente em seu território, sem repressão e opressão, falou que a violência dos colonos contra a população Palestina não pode ficar impune, disse que a construção nos Territórios é um impasse para paz e que sem a política de Dois Estados para Dois Povos, o Estado judaico está em risco. Contudo, criticou a ida de Abu Mazen à ONU para pedir o reconhecimento da Palestina.

Por outro lado, disse que os EUA não vão permitir um Iran nuclear, reafirmou que o grupo terrorista Hezbollah é uma ameaça e que não pode receber armas químicas do governo Sírio, disse que o presidente sírio, Bashar Al-Assad deve deixar o poder e, em hebraico disse: “Atem Ló Levad” , ou seja, vocês não estão sozinhos.

O presidente americano deixou o país na última sexta-feira, em direção à Jordânia, depois de visitar a Igreja da Natividade, em Belém, onde Jesus nasceu.

Obama foi muito mais avançado que o governo Israelense, soube como criticar a Ocupação mexendo nos sentimentos dos Israelenses, defendeu a criação do Estado Palestino independente, mas sempre reforçou os laços entre Israel e Estados Unidos.

Logo após a saída de Obama, outra surpresa: Bibi, depois de quase 3 anos, pede desculpas formalmente ao governo Turco pelas mortes ocorridas no incidente da Flotilha enviada à Gaza que saiu daquele país. O impasse que impedia o retorno de seus embaixadores e a volta das relações diplomáticas entre os dois países foi logo quebrado (a pedido de Obama, é claro). Para além disso, Israel e Turquia voltam a ter acordos comerciais-militares.

Só cabe lembrar que a Turquia faz fronteira com a Síria e com o Iran e se torna um potencial aliado Israelense em caso de guerras (americano já era).

Assim, a visita do presidente americano foi até maior que a própria formação da coalizão governamental que garantiu a Bibi o seu terceiro mandato. Ele foi “Obama” ao falar de paz (nada muito diferente de que qualquer outro presidente americano já tenha falado), “O Bamba” ao colocar o governo de Israel “no bolso” e “Osama” ao deixar as portas abertas para mais uma guerra no Oriente Médio.