quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Humano, Profundamente Humano - Marcos Gorinstein



Hoje em dia, ao falarmos em Sionismo, e na própria discussão sobre a política do Estado de Israel, geralmente caímos na errônea discussão sobre o Holocausto. Seja para defender o direito do povo judeu de viver em seu próprio Estado, seja para defender a política Israelense em relação aos Palestinos, ao Hamas, ao Iran e ao Fundamentalismo Islâmico.

O antissemitismo e o Holocausto são usados como elementos centrais na defesa do Estado de Israel e de sua política.

Quando defendo uma política e um Estado de Israel diferentes, sou questionado e acusado de não conseguir entender o que o antissemitismo (o discurso de destruir o povo judeu) e o Holocausto fizeram ao povo judeu.

A questão é que consigo entender o antissemitismo e o Holocausto muito mais à frente de quem me acusa.

A grandeza do Holocausto e da ameaça constante de extermínio são usadas para justificar políticas que, como o Holocausto, não respeitam os direitos humanos e, ao mesmo tempo, constroem e perpetuam o racismo em Israel.

A diferença entre mim e os que me acusam de não entender o impacto do nazismo na história do povo judeu, é que entendo o Holocausto como um crime contra a humanidade e não como um crime contra o povo judeu.

Essa percepção me permite continuar vendo todo ser humano de uma mesma perspectiva, respeitando sempre as diferenças étnicas e culturais. Sou um ser humano judeu e não um judeu ser humano e isso me faz ser mais judeu ainda.

Um crime contra qualquer povo é um crime contra a humanidade e por isso deve ser combatido com veemência. E escrevendo esse texto me veio à cabeça a famosa frase de Che Guevara:

“Se você treme de indignação frente a uma injustiça no mundo, então somos companheiros”.

O Holocausto e o Fenômeno Universal: É Isto Um Homem - Michel Gherman



O estudo da Shoá (do Holocausto) em Israel não é um tema antigo, nem muito menos é parte de um consenso. Até o julgamento de Eichmann (em 1961) o Shoá, as narrativas dos centenas de milhares de sobreviventes que foram vítimas do morticínio nazista eram um tabu. Tais depoimentos não cabiam na construção da memória sionista que deveria solapar a história de vitimização e extermínio trazida por judeus que estiveram em campos da morte, sofreram as piores torturas, que foram testemunhas do extermínio de famílias, comunidades e cidades inteiras.

Estes testemunhos não rimavam com o processo de construção nacional pelo qual os futuros, ou recém-israelenses estavam passando. Afora os heróicos casos de levantes armados em guetos e campos de concentração, lamentos e histórias de dor não cabiam no repertório de redenção nacional e construção de um “Novo Homem” que os sionistas traziam. 

Em seu livro “De Amor e de Sombras”, o personagem de Amoz Oz, quando criança, pergunta, sobre os sobreviventes que circulavam por Jerusalém:

“O que eles querem de nós(...) estes trapos humanos?  Por que não saíram de lá antes? Por que se deixaram apanhar? Pra que contar essa história de humilhação e vergonha? Se for pra falarem em episódios da História judaica, há coisas tão mais edificantes.(...)”

O julgamento de Adolph Eichmann destruiu estas barreiras; Em frente ao Algoz, homens e mulheres, vítimas inocentes e guerrilheiros heróis contavam o que tinham passado. Uma nação em estado de choque escutava, nas rádios e na televisão, os depoimentos, e descobriam juntos histórias que desde muito já conheciam.

Desde Eichmann as coisas mudaram muito. Ben Gurion dizia que o julgamento era didático, para mostrar (e lembrar) aos não judeus o que haviam feito dos judeus e para lembrar (e mostrar) ao judeu o que significava viver na Galut (diáspora).  Múltiplas vozes, porém, saíram do julgamento. Hoje a sociedade israelense vive a experiência do holocausto em seu cotidiano, e o conta com estas múltiplas vozes para fazer suas respectivas análises.

Por um lado, a Shoá é nacionalizada e “judaizada” em programas educacionais de escolas que receberam pra si a tarefa didática proposta por Ben Gurion. Assim, levam jovens a campos de extermínio, onde enrolados em bandeiras de Israel, gritam: “Nunca mais”.  A direção deste nunca mais são eles, os judeus. A garantia para o “Nunca Mais” é, justamente, a existência de um estado de Israel forte.

Por outro lado, há outras vozes que falam da Shoá nesta sociedade complexa e diversa. Estas vozes se esforçam para “Universalizar” sua memória. Para eles a Shoá é um crime contra o ser humano, por isso ela é importante para o conhecimento, de TODOS, judeus e não judeus, vítimas e não vítimas. Escutar o testemunho de um sobrevivente e transformá-lo em um compromisso de luta contra o preconceito contra a discriminação é um dever de ser humano, seja este ser humano judeu ou não judeu.

O historiador Yehuda Bauer nos lembra que o holocausto é um fenômeno único e que deve ser comparável, justo  para provar sua unicidade. “Não devemos isolar o holocausto da história, sob o risco de sacralizá-lo e não há nada mais profano do que sacralizar o extermínio de milhões de seres humanos”.

O uso político do holocausto é, neste sentido, comum neste país. De um lado o holocausto é “nacionalizado e particularizado”, enquanto de outro ele é “universalizado e humanizado”. Na esteira da universalização do holocausto, o educador Mario Sinay aponta a questão da seguinte maneira:

“A memória exclusivamente judaica , do holocausto é um abraço de urso. Ele nos abraça e nós ficamos sufocados. Quanto mais dissermos que a Shoá é nossa, menos ar teremos.”

Do outro lado, há uso político lamentável da Shoá que explica ameaças cotidianas e questões política ordinárias a partir da Shoá. A questão palestina, por exemplo, sob as luzes do Holocausto, ganha ares dramáticos e coloca a todos em becos sem saída. Comparar atitudes de árabes e palestinos com as cometidas pelos nazistas é faltar com o respeito e a lógica da história de todos os lados. Da mesma maneira, comparar possíveis atitudes de governos israelenses nos territórios ocupados ao que os nazistas faziam é insensato, insano e rompe com dimensões históricas elementares. Quem faz isso, ou desconhece o que foi o holocausto, ou o que é a ocupação, ou, ainda mais comum não tem ideia do que foi nenhum dos dois.

Pois bem, da boca do Ministro do Exterior de Israel, Avigdor Liberman, saiu nesta terça feira uma frase que coloca a memória do Holocausto a serviço de interesses políticos mais baixos. Comparando as ameaças de sanções dos governos europeus em reação a construção de bairros israelenses em territórios palestinos, Liberman, compara tal atitude a “práticas nazistas da época do Shoa”.

Assim, Liberman usa a memória do holocausto como um pano de chão, usado para resolver pequenas sujeiras.

Ou Liberman não sabe o que foram as politicas nazistas da Shoá, ou ele não tem ideia do que acontece nos bairros de Jerusalém oriental. Com esta frase Liberman comete uma blasfêmia na única questão que deveria ser sagrada no que diz respeito à Shoá , as memórias das vítimas da Shoá. Seja daquelas que sobreviveram ou daquelas que efetivamente entenderam, melhor que ninguém o que foi a Shoá, que são os milhões de mortos em câmaras de gás nazistas, aos ouvidos de quem tal blasfêmia soaria como uma ofensa sem igual.

Adaptando a frase de Primo Levi: “Se eu fosse uma das vítimas do Nazismo, cuspiria de volta esta frase no rosto de Avigdor Liberman.”

Jacas e mangas são bem diferentes, mas em noites chuvosas, ambas caem em nossas cabeças - Michel Gherman



Algumas pessoas se incomodam com pretensas comparações feitas entre a extrema direita israelense e o Fundamentalismo Islâmico Palestino, representado pelo Hamas. Acredito que este incômodo é justo.

As últimas manifestações em Gaza, mórbidas e assustadoras, que tinham mísseis como decoração e gritos que apoiavam a libertação das terras palestinas das mãos dos infiéis (tremei Judeus e Cristãos!) e conclamava (como o discurso de Khaled Meshal) ao assassinato de “sionistas” (não se enganem, está claro aqui que ele se refere a todos os judeus que aqui estão!),  mostra que a direita, a extrema direita israelense,  está (apesar de tudo) anos luz da capacidade excludente, preconceituosa e do potencial destrutivo representado pelo fundamentalismo do Hamas.

O que me incomoda, porém, é o entusiasmo quase orgasmático, do Primeiro Ministro israelense que reage a este terrível discurso, afirmando que:

 “Não viu reação de Abbas ao discurso do Hamas em Gaza.”

Aqui podemos ver um ponto de encontro entre Hamas e a extrema direita israelense. Aqui há não uma semelhança, não uma comparação, mas o uso mútuo, um interesse comum tanto do Hamas em relação a Israel, quanto  do atual  governo israelense em relação ao Hamas.

Na frase de Bibi há sinais digitais inconfundíveis de conservadorismo e de elementos autoritários não menos preocupantes. Isto pode se notar quando o primeiro ministro ao afirmar, vez por vez, que não há diferença entre o governo Palestino de Gaza e da Cisjordânia, exorta  sentimentos tribais e excludentes que acabam sendo criados por essa “profecia que se auto concretiza”.

Importante afirmar, porém, que não foi Bibi que criou esta dinâmica, o ex- primeiro ministro Sharon agiu de forma semelhante algumas vezes. Um dos exemplos pode ser visto no saída unilateral de Gaza, por exemplo . Aqui, depois de anos de negociações com a Autoridade Nacional Palestina, com todas as dificuldades, houve mudanças. Sharon se retira de Gaza, governada pelo Hamas, com quem nunca houve acordo algum (mas não são todos iguais?).

Afinal, se “Não há com quem falar”, se “não há parceiro do outro lado”, então “eles são todos iguais”.

Interessante é que discursos como esses do Hamas, criam sentimentos semelhantes de outra parte. Ao tratarem todos nós por “sionistas a serem assassinados” e “infiéis”, o fundamentalismo islâmico cria no seio da sociedade israelense também perspectivas tribais e particularistas, que dão poder a grupos conservadores, de direita, autoritários e particularistas da sociedade israelense.

Aqui há um diálogo sim entre Hamas e a extrema direita israelense, um diálogo de exclusão, de tribalização do Outro, de essencialização de grupos inteiros, que impossibilita qualquer avanço no sentido de um reconhecimento mútuo, convivência e futuro acordo.

O pior,  grupos pseudo “progressistas” acreditam e caem nesta charada. Ao essencializarem  discursos ,  estes grupos ( que se definem como de esquerda ) contribuem para o aumento do conflito, a tribalização de posições, o fortalecimento de visões preconceituosa e as possibilidades de Guerra. A aliança da esquerda com os Hamas é tão ridícula quanto ela seria se fosse com a direita israelense. Já tendo consequências trágicas.

Afinal, discursos políticos trágicos que criam decisões políticas que são tão trágicas quanto.

sábado, 8 de dezembro de 2012

29 de Novembro e os Símbolos de Israel - Michel Gherman



Depois de muito tentar e não conseguir, hoje vou escrever sobre a declaração unilateral do Estado Palestino por Abu Mazen, no dia 29 de novembro de 2012. Não conseguia escrever antes porque os níveis de frustração que sinto a respeito do o ocorrido, no último dia 29, são astronômicos. Importante dizer que esta frustração não vem pela atuação do lado palestino ( apesar do pífio, excludente e perigoso discurso de Mahmud Abas na Assembleia da ONU), a fonte de minha frustração é o lado israelense, melhor dizendo, a direita israelense, especificando ainda mais, este governo de extrema direita do qual somos todos (os cidadãos deste aís) reféns ultimamente.

O dia 29 de novembro (nacionalmente famoso pela expressão Kaf tet be nobember) sempre foi uma fonte, um recurso de legitimidade na memória simbólica do país. Em Kaf tet be november de 1947 foi votada na mesma assembleia das Nações Unidas o plano de Partilha da Palestina entre dois Estados, um judeu e um árabe. Com a presença de Chaim Herzog, representando o Movimento Sionista, as Nações Unidas aprovam a existência de dois estados na Palestina e viabilizam assim a criação do Estado de Israel.

Apesar de menor do que planejavam, apesar de ter uma virtual inviabilidade existêncial, por estar cortado pelo futuro Estado árabe, o Movimento Sionista (hegemonicamente representado então pelo trabalhista MAPAI) apoia a divisão. Enquanto isso, o Movimento Nacionalista Palestino e o mundo árabe, não. Sem entrar nos meandros desta decisão  política, que hoje conta com extensa bibliografia a respeito, a decisão então tomada pelo sionismo, ficou armazenada na memória coletiva judaica e israelense como uma fonte moral de legitimidade e uma grande  vitória para o Movimento Nacional Judaico.

Aceitar a partilha era mais do que aceitar a criação de um Estado Judeu, era aceitar a legitimidade da existência do Outro. Um outro Estado, ao lado do Estado de Israel era a incorporação da ideia de que esta terra continha múltiplas narrativas para múltiplos agentes históricos. Não só a criação do estado Judeu consiste a vitória do Sionismo, a determinação de que um estado árabe ao seu lado é legítimo, é parte da vitória do Movimento sionista. 29 de Novembro surge fortemente, em luzes de Neon piscando na narrativa sionista, na “Memória Nacional” dizendo: “Quem não nos aceitou, quem não reconhece nossa narrativa foi o Outro!!!”. Neste sentido, o Kaf tet be November tem, ou tinh,a uma importância Histórica inigualável para o sionismo e para Israel.

Digo tinha porque perdemos, perdemos o dia da partilha e perdemos a dimensão simbólica da narrativa de que a Solução de dois Estados é uma premissa do Sionismo.

Abu Mazen, ganhou para si o 29 de Novembro. Ele desfez, simbolicamente , a ideia de que “quem não os aceitou fomos nós”, invertendo a equação para:  “quem não nos aceita são eles.”

Este governo, ao agir como agiu nas últimas semanas na ONU, não somente desperdiça uma oportunidade histórica de receber reconhecimento, em fórum internacional, por parte dos Palestinos moderados, enfraquecendo o Hamas e caminhando para a solução de dois Estados, mas faz mais, este governo deslegitima toda a história do Movimento Nacional Judaico, deslegitima a narrativa do sionismo e aponta para a ideia de que o conflito é a única opção.

Pior: O governo Bibi- Liberman avança na estrada da deslegitimação internacional e afirma que construirá milhares de casas nos territórios em disputa (no caso a fronteira norte de Jerusalém oriental, próximo a Ramallah). E afirma que isto é uma forma de “punição”. Punição? Contra quem? Contra palestinos moderados que rifam a legitimidade interna e vão pra ONU com uma proposta de dois Estado, reconhecendo a partilha de 1947?

Não, na minha avaliação que está de fato sendo punido é Israel, a sociedade israelense e o Movimento Sionista , que gradualmente vai perdendo seus símbolos em nome de um outro projeto de governo autoritário, excludente, um “desvio genético” que adoece o Estado de Israel.

Bom saber que não estou sozinho nesta avaliação, e trago aqui 3 nomes cuja desconfiança de serem da “extrema esquerda” não existe. São nomes historicamente ligados ao centro politico do Sionismo. O primeiro deles é o ex- primeiro Ministro de israel (ex deputado pelos partidos Likud e pelo kadima) Ehud Olbert, que  classificou a oposição de Israel à criação do Estado Palestino na ONU de “erro histórico”.  

O segundo é o deputado Buji Herzog (sobrinho-neto do líder sionista que acompanhou a votação da ONU em 1947, Haim Herog), ao analisar a decisão do governos de Israel,  classifica a posição de Israel como:  “Uma Tragédia Política”.

Por fim, cito o titulo da matéria do famoso  jornalista Ary Sahvit (considerado um nome moderado de centro em Israel)  no Haaretz, ele afirma categoricamente  “ A direita põe em Rico Israel”.
Sem dúvida,  simbolicamente,  a direita no poder age de maneira que o sionismo seja atacado e transformado em uma perspectiva ultrapassada. A extrema  direita israelense é assim, hoje, anti –sionista e mais do que  ninguém ameaça Israel.

Bom agora sim, a frustração passou, virou depressão ...

O Nakba Israelense - Marcos Gorinstein



No último dia 29 a ONU aprovou com uma maioria absoluta o status da Palestina como membro observador da entidade. 138 votos a favor, 9 contra e 41 abstenções. Interessante notar é que essa foi a segunda vez que a ONU aprovou a criação de um Estado Palestino.

Da primeira vez, no mesmo dia só que em 1947, a partilha do território Palestino definia 2 estados, um judeu e um árabe, e o fim do mandato Britânico. O dia 14 de maio de 1948 pode ser narrado de três formas diferentes. Os Britânicos estavam aliviados por estarem se livrando de uma bomba que estava explodindo, os judeus entendem como um dia de festa, porque significava a construção de um Estado onde poderiam ser livres. Para a narrativa  palestina, o dia é narrado como uma tragédia, A Tragédia, ou Nakba.

Algumas décadas mais tarde Israel constrói mais um laço entre os Israelenses e Palestinos. Além da terra, que mesmo sem o Estado Palestino já era compartilhada, agora também compartilhamos o Nakba, A Tragédia.

Não no mesmo sentido que os Palestinos narram, da perda do territorio, mas a Tragédia também é enorme do lado israelense. O governo de Netanyahu e Liberman são o Nakba de Israel. São a Tragédia para o sionismo, democracia, direitos humanos e liberdade.

O Nakba de Israel é um governo incapaz de perceber que a única solução para que o Estado de Israel continue sendo democrático é a criação do Estado Palestino. Para além disso, é também a incapacidade desse governo de perceber que também os Palestinos merecem o direito a autodeterminação em seu próprio território , e que este Estado faz parte do programa original do Movimento Sionista.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Agora Vamos Falar de Coisa Séria - Michel Gherman e Marcos Gorinstein




Cena número 1: Um judeu religioso, de Kipá e Tzitzit , visivelmente fora de si, corre com o braço estendido e o punho fechado em direção a um rapaz com pinta de árabe que percebe sua aproximação e continua andando calmamente. Um fosso os separa, o judeu religioso continua se aproximando, o árabe continua seu caminho, quando o judeu chega muito próximo ao fosso ele berra, com toda força que um ser humano alterado pode ter:

“Islam nós gostamos de você!!!!!!!!!!!”

Não se trata aqui da conversão explícita de um judeu religioso ao Islamismo, mas sim a comemoração entusiasmada de um torcedor do Hapoel Katamon quando o autor de um dos gols na vitória do Hapoel contra  Macabi Sharaim.

Mais do que ir a um jogo de futebol, ir a um jogo do Hapoel Katamon Yerushalaim é uma experiência inesquecível. Hapoel (na tradução para o português, proletário) é o time rubro-negro da cidade. Importante notar: O Katamon é rubro negro, mas é claramente mais rubro do que negro. E faz questão absoluta de mostrar isso. No seu símbolo, a foice e o martelo!


Ao chegarmos ao estádio, nos deparamos com bandeiras rubro-negras e uma bandeira de cuba com a cara do Che Guevara. Por um momento pensamos estar no meio da Torcida Jovem do Flamengo. Mas a doce saudade do Maraca não durou muito. Nós, torcedores do Hapoel, não somos tão grandes em número quanto nós flamenguistas.


 A Estrela Vermelha - Hapoel Jerusalém



 Mas temos qualidade. Além da bandeira de Cuba, o Hapoel também participa da Liga Anti-fascista e escreve em suas faixas em árabe e hebraico que somos contra o racismo. Temos como principal rival o Beitar Jerusalem, time da direita racista. E mais do que tudo, somos o único clube em Israel que foi fundado por torcedores. Nascido em 2005, o Hapoel Katamon é dirigido e sustentado por torcedores. Faz projetos sociais em regiões pobres da cidade, principalmente com imigrantes etíopes, que moram em Katamon, no bairro do Clube.



Hapoel Contra o Racismo (em hebraico e árabe - bandeira ao lado)




Em Jerusalém o futebol não é o ópio do povo. Também aqui fazemos política e gritamos gol, afinal, como diria Nelson Rodrigues: “Futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes”.